terça-feira, 25 de outubro de 2011

CURIOSO

Gosto de pensar – raciocinar. Estive pensando no imperativo categórico Kantiano: “tu deves!”. Após longos rodeios, a liberdade como conceito. E em demais classificações. E o conseqüente e imenso número de categorias do pensamento moderno. Devido ao plural de disciplinas e campos – o continente da investigação: avistei. Será preciso usar o recurso de afirmar ser moral estas especulações? Bem: de fato, constatei que não há livre arbítrio de pensarmos o que quisermos, ou o melhor na situação, durante a ação. Quanto mais quando ela se prolonga – dura. Não reconheço o eu. A qualidade do sujeito. O conhecimento inibe nossa ação, deste fato: “ - que vergonha!”.

domingo, 23 de outubro de 2011

UM BONDE CHAMADO DESEJO (FRAGMENTO)


STELLA - Então você não acha que a sua atitude superior está um pouquinho fora de lugar?

BLANCHE - Eu não estou sendo nem me sentindo superior, absolutamente, Stella. Acredite-me, não estou! É só isso. É assim que eu vejo isso. Com um homem como Stanley, a gente sai uma, duas, três vezes quando está com o diabo no corpo. Mas viver com ele? Ter um filho dele?

STELLA - Já disse a você que o amo.

BLANCHE - Então tremo de medo, por você! E... Tremo de medo por você...

STELLA - Não posso impedir que você trema. Se insiste em tremer... (Pausa).

BLANCHE - Stella, posso falar... Francamente?

STELLA - Sim, pode. Vá em frente. Com a maior franqueza.

(Fora, um trem se aproxima. Elas ficam em silêncio até que o ruído se extingüa. Ambas estão no quarto. Sob a proteção do barulho do trem, Stanley entra, vindo de fora. Ele fica, sem ser visto pelas mulheres, segurando alguns pacotes nos braços, e ouve por acaso a conversa que se segue. Ele usa uma camiseta e calças de pano leve, riscado de azul e branco, e sujas da graxa).

BLANCHE – Bem, com licença da má palavra, ele é ordinário!

STELLA - Ora, sim, suponho que sim.

BLANCHE - Supõe! Você não pode ter esquecido tanto assim a educação que recebeu Stella, para estar só supondo que exista qualquer indício de cavalheiro na natureza desse homem! Nem sequer uma partícula, não! Oh, se ele fosse apenas... Comum! Apenas simples... E bom e saudável, mas, não. Existe alguma coisa francamente bestial nele! Você está me odiando por dizer isso, não está? (friamente) em frente e diga tudo, Blanche. Ele age como um animal. Tem hábitos de animal. Come, fala, anda como um animal. Há nele qualquer coisa de subumano, qualquer coisa de gorila como nesses quadros antropológicos que a gente vê por aí. Milhares e milhares de anos se passaram e aí está ele: Stanley Kowalski, o único sobrevivente da Idade da Pedra trazendo para casa a carne fresca da matança da floresta! E você... Você aqui... Esperando por ele? Talvez ele a ataque ou talvez grunha e beije você! Isto é, se já tiver descoberto o beijo. A noite cai e os outros gorilas se reúnem lá na cova da frente, todos grunhindo, bebendo; estraçalhando-se com ele. A sua "noite de prazer" como você chama a sua reunião de gorilas! Alguém rosna... Alguma criatura bota a mão em alguma coisa... E lá vem a briga! Meu Deus, Stella, talvez nós estejamos muito longe de sermos feitos à imagem de Deus. Mas, Stella, minha irmã, houve algum progresso no mundo desde então. Coisas como a arte, a poesia, a música, uma espécie de nova luz apareceu... Em algumas pessoas sentimentos mais nobres começaram a surgir... E são esses sentimentos que devemos cultivar. E fazer com que eles cresçam em nós, e agarrarmo-nos a eles, e fazer deles a nossa bandeira, nossa marcha escura, para onde quer que estejamos indo... Não, Stella. Não fique para trás com os brutos.

(Outro trem passa lá fora. Stanley hesita, lambendo os lábios. Então, subitamente ele se volta, furtivo, e se afasta da porta ao frente. As mulheres ainda não perceberam sua presença. Quando o trem termina de passar, ele chama através da porta da frente, que está fechada).

STANLEY - Ei, Stella!

STELLA (que esteve ouvindo Blanche atentamente) - Stanley!

BLANCHE - Stella, eu...

(Mas Stella já se foi para a porta da frente. Stanley entra descuidado, com seus pacotes).

STANLEY - Olá, Stella, Blanche voltou?

STELLA - Sim, ela voltou.

STANLEY - Olá, Blanche. (Sorri ironicamente para ela).

STELLA - Você deve ter entrado embaixo do carro.

STANLEY - Os malditos mecânicos do Fritz não sabem distinguir o rabo deles de... Eh!

(Stella o abraça com ambos os braços, com paixão, e bem à vista de Blanche. Ele ri e aperta a cabeça dela contra a sua. Por cima da cabeça dela ele ri ironicamente para Blanche através das cortinas. Enquanto as luzes vão diminuindo com uma luminosidade que permanece mostrando o abraço dos dois, a música do piano “blue”, com trompete e bateria, se faz ouvir).

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

‎"A internet não é um ciberespaço monolítico ou "não-lugar". Em vez disso, ele é constituído por inúmeras novas tecnologias, utilizadas por diversas pessoas em muitas locações do mundo real. Consequentemente, há muito a ser ganho por uma abordagem etnográfica, atrrvés da investigação de como as tecnologias da Internet estão sendo compreendidas e assimiladas em algum lugar em particular (Miller & Slater,2001, p. 1).

domingo, 16 de outubro de 2011

FILOSOFIA DO ORÁCULO

***
(Em forma de Poesia)

Narra a lenda que quem consultasse o oráculo, seu destino estaria traçado. Assim fez Édipo anteriormente e toda a tragédia chegou ao final. A sabedoria do Rei e de todos, o desvencilhar da trama, mostra que a sabedoria excessiva, tentar controlar o destino é fora da medida, é algo contrário às leis da natureza, a verdade destas vidas se revela já conhecida, ou pronta a se desvelar – vir à mostra.
A figura do adivinho ou a verdade através da revelação, o querer saber a todo custo, o revelar os enigmas: significam um ato contrário às leis da natureza, à naturalidade, ao bom andamento de nossa existência.
A procura, o encontro, a busca incessante, o usar de todas as forças para contrariar o que vem acontecendo, o homem se mostra divino, feito um deus, o herói do seu destino ou dos protagonistas de qualquer história...
A ficção deixa de existir, a verdade que se revela, cega os protagonistas. Os atores da vida vêem a verdade nua: desvelada e posta à mostra, dos pés à cabeça...
O oráculo nada mais é que essa vontade de saber, de conhecer para agir, de controlar os acontecimentos, de ter a verdade a todo custo. Mas ele diz veladamente, com simbolismo, com luz e trevas, com argúcia, pondo à mostra toda ignorância anterior...