quinta-feira, 22 de setembro de 2011

POP FILOSOFIA


O filósofo é um estrangeiro em sua própria terra. A Grécia para ele é um rincão perdido em seus sonhos. A utopia da filosofia permanece viva na insistência em filosofar. Para ele o pensar é uma estranha fábula. Ele cria seus monstros, suas estórias, as fábulas, por exemplo, Hércules e sua túnica, Empédocles e as sandálias, Heráclito e Zeus jogando malha, assim como raciocina em como chegar à verdade, em ter clareza, em conhecer as forças da natureza...


O filósofo dá um crédito enorme à razão. Saber a razão de tudo que diz, do discurso que defende, a opinião que proclama – “o logos de onde fala...” A verdade da filosofia é uma batota por vezes, na boca de outros, de quem supõe o que seja filosofar. A filosofia é um crédito que abrimos a nós mesmos, a nossa individualidade, mas temos este discurso, para nos revelar: a filosofia ensinou a caminho que chega a nós mesmos. Não nos perdemos no labirinto de Teseu, nosso fio nem sempre é o caminho da convicção, mas o da permissão de prosseguir. É o que pedimos acanhadamente...


A vida moderna e atual é múltipla, o filósofo apresenta sua imagem, por vezes a do pensador, do professor, do poeta, mas isso é disfarce, máscara. O filósofo contracena, arma um teatro, monta um discurso, onde outros tomam voz. Vermos Sartre com sua prática Filosófica, através da literatura, com o escritor surgindo, a vida de pequeno burguês contestada, mas também a figura do crítico e revolucionário, que ele era, sua intelectualidade surgindo nas lutas eventuais, pelo ativismo político, nas ruas de paris. Enxergamos Foucault com a liberdade do pensamento, a favor do delírio, mostrando nos quadros de sua expressão, as disciplinas e o confinamento, a que fomos reduzidos, pelo aparelho “humanidades”. Poderemos ver em Barthes a literatura e a linguagem, surgindo inesgotável, para nosso prazer das lutas. A paixão do pensamento nas dobras do signo, numa linguagem amorosa, por vezes desperta para a sua tirania – a gramática. Nietzsche com seus grandes bigodes, na tentativa de esconder seu sorriso, aponta os artistas da violência, os poetas embriagados... Enfim, a Pop Filosofia é música e canção, é este gato que passa sorrateiro, nas sombras da noite, nos telhados da imaginação, mas também é fotografia, dos arranhas céus de qualquer metrópole, o urbano e denso que suportamos... A Pop Filosofia é uma canção de Belchior, ou do Kid Abelha, que colocam em pauta, a escritura, a análise, a educação. Muito de delírio, experimentação e este coração sangrando por uma pitada de liberdade e um pouco de imaginação.

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