quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A SENHORITA MEMORIOSA


Marcos Silva Oliveira


Recebi das mãos de uma gentil senhorita esta missiva de 1818 do Barão de Canterbill para Sr. Anthony Charles Briddey. Foi me dada para que a guardasse. A senhorita Missdrey pediu que a deixasse primeiro a ler em voz alta e que devido ao tempo, estamos em 1908, a guardasse nas relíquias de família. Adiantou que outras cartas poderiam encontrar-se em seu sótão, guardadas ainda como segredo. O futuro escolherá outras mãos e personalidades para as conhecerem. Já que foram trocadas estas missivas, durante a revolução industrial ocorrida na Inglaterra. Quando ainda haviam sofredores. Pôs-se então a ler:

Sr. Anthony Briddey

As máquinas de meu galpão têxtil, movida por crianças e mulheres, por 2 sopas ralas, algum agasalho, muito barulho e infernais, alguns homens que as provem de combustível, com a produção em larga escala: baixamos o preço do linho. Os rolos de tecido já prontos: os tingimos de escarlate. É preciso também falar das febres. Os esgotos da rua a céu aberto. Muita gente estropiada. A neve dia a dia, retiramos com a pá defronte a porta. Deverei comprar de ti alguns suprimentos e novos teares. Aguardo atenciosamente resposta.

Barão de Canterbill.

A senhorita Missdrey estava pálida. Mal articulava a voz de apreensão. Disse a ela que no ano de 1908 corrente: estes acontecimentos inexistem. Ela então sorriu, levou a carta junto aos seios, após a ter dobrado, pediu-me para a deixar retornar ao cofre, em seu sótão, onde estão outras estão para serem lidas em um futuro promissor.
Estou bastante comovido. Há uma promessa de felicidade. O ar de Londres, outra vez, é gasoso, mas, ainda nos apraz o respirar.


Alegre / ES, quinta-feira, 05 de Janeiro de 2012.

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