sábado, 18 de junho de 2011

RONDA DE SABERES

Fato curioso na Europa após a entrada do Séc. XIX foi a Normalização. A Medicina começa a intervir para além dos indivíduos na população. As Nações começam a se precaver dos fenômenos Epidemiológicos, com a higiene, tanto mental quanto física, surgiu uma espécie de Policia Médica, levantaram-se Arquiteturas, hospitais, Manicômios, prisões, clínicas. Os Exércitos Europeus foram Normalizados, os Médicos e os Filósofos também. Esta idéia de Normalidade irá prosseguir. Até a Publicação durante a Segunda Guerra Mundial do Filósofo Médico: Canguilhem. A Questão foi manter o nível de saúde geral seja da população, do individuo ou de participantes de certas Instituições em padrões “Normais...”
A Medicina torna-se uma filosofia incerta, um tanto Empirista e reivindica sua Nova Cientificidade, o filósofo vê-se apartado do âmago da Filosofia perante o Século Historiador. Obras como a de Marx, Freud, tornam-se questionadoras e novas idéias políticas como o socialismo e a luta operária e sindical, o individuo analisado e são, as psicologias, a idéia de cura, de manter a vida, os padrões médicos de saúde toleráveis, de intervir através do estado nas cidades e na população, de criar um corpo social sadio...
Reaparece nova perspectiva de vida, prolonga-se o tempo da existência, o individuo medicalizado é normal. São sanadas as patologias, os males do corpo, a vida adianta-se no tempo, o filósofo é médico social, sanitarista, propõe a higiene seja qual for, e é também normalizado...
Com o surgimento dos saberes sobre o homem e sua conseqüente popularização, o meio social e as culturas, o individuo com seu “eu”, o analisado, os espaços no seio do social instalados, a intervenção política através dos estados, toda uma população será reorganizada, disposta, classificada. Haverá inventários por parte de historiadores de saberes como a gramática, a retórica, a estilística, o estudo comparado das línguas, a história natural, a botânica e Zoologia, o evolucionismo. Tudo isto será uma espécie de acervo cultural: catalogado e inquerido, investigado. Estes saberes serão reavivados de forma diferenciada, inclusive a historiografia da literatura, dos contos e canções, do imaginário popular, imagens e quadros, também a pintura e a gravura...
Esta reativação do popular e do acervo das idéias, das manifestações artísticas, inclusive a poesia e o romance, propõe novo modelo à população, categorias de arte e ciência, de relacionar com a sociedade – Sociologia, psicanálise e as psicologias, Antropologia, história da arte etc.
Durante o Séc. XX assistirão ao acelerado progresso científico: novas idéias e teorias, a instalação das novas tecnologias e descobertas, a técnica para o homem Ocidental prolifera...
O cinema e a televisão, a arte e a imprensa, o jornalismo, a propaganda e marketing, também os cuidados para com a população, o acirramento das forças revolucionárias do estado, a reorganização das nações, o controle da saúde, da produção de alimentos, significa, como já disse a radicalização do estado, o estado Total, o estado nação realizado...
As lutas sociais após as duas guerras ocasionaram os levantes, a liberação das mulheres, as idéias socialistas ao bojo dos movimentos políticos, a idéia de transparência na imprensa, modelos instaurados nas instituições para uma incerta liberdade, lutas por direitos sejam quais forem, cartas promulgadas para eventuais conquistas, reivindicações de todos os lados, isto foi o Séc. XX...
O desenvolvimento industrial e a melhorias das condições da produção de objetos úteis: tornaram-se sensíveis e alarmantes. A produção e as máquinas alteram o modelo antes instalado. O desenvolvimento industrial é instalado no planeta e também certo acesso às mercadorias e serviços...
Só então o saber começou a ser instrumento das lutas. A tornar-se apto e a engajar-se nas reivindicações. As grandes revoltas populares instalam-se e combatem o “Estado”. Há revoltas nas prisões e contestação da psiquiatria, revigorar das artes, a loucura vista como positiva, direitos dos jovens e universitários, movimentos estudantis, o frenesi do rock, a moda e o corpo da mulher liberado: as reivindicações crescem e todo os tipos de lutas sejam raciais ou culturais ou das instituições proliferam...
Esta nova mentalidade contemporânea ganha força. O poder aquisitivo das pessoas cresce. O direito a vida e ao corpo, também a liberdade e a libertinagem, avulta. As diferenças raciais são vistas e repensadas, as novas culturas e saberes, os novos domínios, tornam a realidade atual muito mais complexa...
A educação das crianças, a nova idéia de família, de comando e chefia, os cuidados com os pertencentes a novas classes sociais, fatias da população, mostram e denotam uma politização das classes populares, o direito à expressão e igualdade econômica, o acirramento e conseqüente complexidade da realidade atual...


Marcos S. Oliveira é Licenciado em História

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